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Bate Bola com Bruno Souto


Bruno, você está lançando um single totalmente diferente do que estamos acostumados a ver em suas composições. Como surgiu essa ideia?


A música surgiu enquanto eu tocava violão no sofá de casa. Isso foi uns dois meses após o carnaval de 2020. Ou seja, no boom da pandemia de COVID-19.

Primeiro me veio um riff, que depois se transformou numa levada que me parecia ser um groove de algum ritmo africano.... Fui tocando e imaginando a melodia. Depois de muito burilar eu estava com a estrutura da música quase pronta, incluindo a parte que eu pensei em gravar como um frevo.

Daí parti para a letra, que já tinha algumas palavras que surgiram junto com melodia. Acho que em três dias eu julguei que a música estava finalizada.


E como está sendo essa experiência?


Está sendo muito divertido navegar por um estilo mais diferente do que estou habituado, sabe? É a clássica “sair da zona de conforto”.


Vc tem algum histórico com o Carnaval?

A lembrança mais marcante e antiga que tenho é de estar andando ao lado de uma orquestra de frevo, num bloco de carnaval em alguma ladeira de Olinda. A alegria das pessoas, o som daqueles naipes, aquela caixa rufando, o ritmo contagiante... sério, todo mundo precisa passar por essa experiência pelo menos uma vez na vida! Com o passar dos anos fui me afastando gradativamente do corpo a corpo do carnaval, de sair atrás dos blocos e tal. Mas esse afastamento não é problema do carnaval. Ele é o que é. Eu é que estou ficando sem energia pro carnaval. (risos) Mas da música eu nunca me canso. O frevo é o meu preferido: Tanto os instrumentais quanto os frevos de bloco, cantados. É de chorar de lindo.


E como se deu a parceria com Silvero?


Bem, quando “Pega Pra Capá” estava pronta, comecei a gravar, arranjar... Nesse meio tempo eu já estava imaginando quem seria um feat. pra essa música. Daí eu e Aline (minha mulher) assistimos o filme Bacurau, onde o Silvero interpreta o personagem Lunga. Gostamos muito do filme e ficamos conversando sobre. Daí a Aline disse que conhecia o Silvero e veio com a ideia de chama-lo pra ser o feat. em “Pega Pra Capá”, pois ele também cantava e tal. Minha primeira reação foi pensar ‘Será?’, afinal, eu só conhecia (e gostava) o trabalho dele como ator. E pra mim, tinha q ser uma participação que agregasse artisticamente, de forma que eu achasse ótimo o resultado final. Se não fosse assim, pra mim não daria certo. Na mesma hora a Aline abriu o Youtube e me mostrou performances do Silvero no Show dos Famosos, ainda com o Faustão. Então eu pude ver, e ouvir, o talento dele como intérprete vocal.

Ali mesmo dei o ok e a Aline mandou uma mensagem inbox no Instagram do Silvero. Se bem me recordo ele mandou o e-mail e enviamos a música. Acho que no dia seguinte (ou pode ter sido depois de dois ou três dias) o Silvero respondeu que tinha adorado a música e que adoraria fazer o feat. Quando ele teve um tempinho, correu pra um estúdio no Rio de Janeiro e gravou sua participação. E que participação, né!? Com sua identificação com a música aliada ao seu talento, o Silvero levou a música pra um lugar que eu, como compositor, não estava enxergando. E devo confessar que o resultado final ficou melhor do que eu esperava.

Depois disso, pensamos em gravar um vídeo clipe juntos. Fomos conversando e organizando. Iria ser gravado nas ladeiras de Olinda no iniciozinho de 2022 pra ser lançado no carnaval do ano passado. Mas aí veio uma nova onda da COVID e a festa do carnaval foi cancelada. Foi bem frustrante, e logo depois o Silvero iria começar a gravar Pantanal. Ou seja, iria ficar bem sem tempo.

Daí a música ficou um bom tempo parada enquanto eu focava em outros trabalhos. Meses depois, retomando-a, tive a ideia de fazer um Lyric Video com colagens e bem colorido.

Cada um gravou sua parte de casa mesmo e o resultado pode ser conferido no meu canal do Youtube. Ficou massa!

E tudo isso foi combinado e construído remotamente: eu em Pernambuco, o Silvero no Ceará e no Rio, os caras que executaram e me ajudaram a criar o vídeo em São Paulo... Graças a tecnologia! Tanto que até hoje ainda não nos encontramos pessoalmente.


Você teve um hiato de 3 anos sem lançamentos. Como foi para você esse período?


Foi praticamente o período da pandemia, né. Foi uma época difícil pra quase todo mundo, claro, mas pra mim foi maravilhoso. Parece estranho falar que foi um período bom, mas foi mesmo: conheci minha mulher, começamos a namorar e um pouco antes do lockdown já fomos morar juntos. Uma prova de fogo e tanto, né. (risos) Ficamos trancafiados por meses nos conhecendo, desfrutando da companhia um do outro e amando muito! (risos).

Artisticamente foram anos de muita reflexão sobre o papel da arte na minha vida e na minha carreira até ali. Além de compor várias canções, um dos meus exercícios/questionamentos, por exemplo, foi pensar que com o passar dos anos, como compositor, fui alargando minhas fronteiras, experimentando mais e me deixando seduzir pela ideia de defender, como artista, essas experimentações. Esse sentimento foi crescendo principalmente nesse período e hoje me permito lançar uma música como “Pega Pra Capá”.


E o que podemos esperar de Bruno Souto neste retorno?


Estou encarando essa experiência com “Pega Pra Capá” como um recomeço. O que de fato é. Afinal, desde 2019 eu não lançava nada inédito e teve uma pandemia no meio. Mas recomecei com o pé direito, né! (risos)

Hoje estou focado em divulgar esse novo single e já pensando no próximo. Aguardem!




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